A artrite reumatoide é uma doença crônica das articulações, que se caracteriza pela inflamação (dor, inchaço, calor e, às vezes, vermelhidão) em várias juntas.
Essa inflamação é provocada por alterações importantes no sistema de defesa do corpo, também chamado de sistema imune. Formado por uma rede de órgãos, tecidos e células especializadas, o sistema imune tem como função manter a integridade do organismo, protegendo-o de agressões, como uma infecção. Algumas vezes, ocorre um desequilíbrio e o sistema imune ataca o próprio organismo, provocando uma inflamação que pode danificar vários órgãos. As doenças nas quais o sistema imune promove lesões no próprio organismo são chamadas de doenças autoimunes e a artrite reumatoide é uma delas.
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico da artrite reumatoide, o médico primeiro conversa com o paciente a fim de conhecer a história dos sintomas e, depois, realiza um exame físico em busca de sinais que caracterizem a doença. A história é muito importante, pois o diagnóstico da artrite reumatoide, em sua maioria, é feito apenas pela descrição dos sintomas.
A presença de rigidez matinal prolongada, de artrite simétrica (nos dois lados do corpo), de artrite em várias articulações, bem como a persistência de dor intensa são, em conjunto, características importantes da história de um paciente com artrite reumatoide.
O exame físico permite a observação de quais juntas estão inflamadas e doloridas. Se a doença já estiver instalada no organismo há algum tempo e se a inflamação persiste, o médico pode observar a presença de deformidades nas articulações.
Algumas deformidades existentes nos dedos das mãos são características da artrite reumatoide e têm designações próprias como dedo em pescoço de cisne ou dedo em botoeira. No exame físico, também pode ser observada a presença de outros sinais fora das articulações, como os nódulos reumatoides, ou, mais raramente, alterações nos olhos, indicando a presença de uveíte.
O médico também pode solicitar exames de laboratório. Alguns desses exames servem para avaliar o grau de inflamação e são chamados provas de atividade inflamatória. Os mais utilizados são a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a dosagem da proteína C reativa (PCR), realizados em amostras de sangue.
Cerca de 80% dos pacientes com artrite reumatoide têm uma proteína circulando no sangue chamada de fator reumatoide. A presença dessa proteína ajuda o médico a fazer o diagnóstico de artrite reumatoide, porém, sua ausência não elimina a possibilidade da doença. Geralmente, quanto maior a quantidade de fator reumatoide no sangue, mais intensa é a doença.
Mais recentemente, surgiu um novo exame de laboratório para ajudar no diagnóstico da artrite reumatoide. Esse exame de sangue chama-se anticorpo anti-peptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP) e tem como vantagem o fato de ser mais específico que o fator reumatoide para o diagnóstico de artrite reumatoide.
A artrite reumatoide em atividade (durante uma crise) pode provocar anemia, que é observada pelo médico em um exame de sangue (hemograma). O tratamento bem sucedido da doença faz reverter a anemia, normalizando o hemograma.
Radiografias das articulações podem ajudar bastante no diagnóstico da artrite reumatoide. No início da doença, as radiografias podem ser normais ou mostrar apenas que a articulação está inchada. Mais tarde, aparece uma diminuição da densidade dos ossos perto das articulações, que é denominada desmineralização periarticular. Se a inflamação não for contida pelo tratamento, haverá destruição da cartilagem, com diminuição da distância entre os ossos da junta, provocando uma alteração na radiografia chamada de estreitamento articular.
A inflamação persistente, além de causar lesões na cartilagem, pode provocar lesões nos ossos, que podem ser vistas na radiografia e são chamadas de erosões ósseas.
Como a doença se manifesta
A artrite reumatoide não é contagiosa e, portanto, não é transmitida de uma pessoa para outra. As pessoas com artrite reumatoide são em sua maioria mulheres, embora homens também possam apresentar o problema. Geralmente, os pacientes chegam ao consultório do médico queixando-se de dor nos dedos das mãos, punhos, cotovelos, ombros e joelhos. Outras juntas, como as articulações dos pés, também podem estar doloridas.
A dor, em geral, começa em uma ou duas juntas e se espalha. Podem aparecer outros sinais de inflamação, como inchaço e calor. Muitos pacientes queixam-se de rigidez matinal (mãos duras), que, quanto maior a inflamação, maior a demora para passar.
A dor e o inchaço, geralmente, aparecem tanto no lado direito quanto esquerdo do corpo e, para algumas pessoas, a dor pode ser muito forte e persistente. Embora várias articulações doam, umas podem estar mais inflamadas do que outras. Quando o médico faz o exame físico, ele pode notar a junta de um dedo da mão mais inchada do que a dos outros dedos ou um joelho mais dolorido, inchado e quente do que o outro.
Após o início do tratamento, tanto as dores quanto a rigidez matinal tendem a diminuir rapidamente.